Apesar da grande quantidade de games no mercado, encontrar uma franquia de videogame que tenha "chacoalhado" a indústria mais do que Grand Theft Auto (GTA) será algo quase impossível. Desde os primórdios bidimensionais, GTA sempre apresentou liberdade, violência e muitas polêmicas. Mas não é só isso. A série mudou muito ao longo dos anos; confira.
Leia nosso review completo de GTA 5
- O início em duas dimensões
Grand Theft Auto, o primeiro jogo da série, foi originalmente lançado para PC e Playstation One em outubro de 1997. No PC, GTA exigia um processador 486 DX4/100Mhz com 16 Mb RAM e “incríveis” 1 Mb de memória de vídeo. Os requisitos eram baixos até mesmo para época, e naquele tempo, o título recebeu reviews medianos, chegando a ser considerado como “apenas mais um jogo”.
Contudo, o game fez bastante sucesso devido ao humor negro e a violência. Diferente de outros jogos da época, GTA possibilitava ao jogador ter a liberdade para passear por três cidades: Liberty City (Nova Iorque), San Andreas (San Francisco) e Vice City (Miami). O título também se diferenciava por não se preocupar em contar uma história, mas sim em possibilitar a maior liberdade possível, algo que se tornou posteriormente o marco da série.
A visão do primeiro GTA é aérea, com poucos elementos tridimensionais (apenas prédios). Com jogabilidade compostas por missões, o gamer podia sair pela cidade “barbarizando”. Além disso, a jogabilidade era simples e até certo ponto casual, mas o game permitia a progressão com a possibilidade de desbloquear novas cidades.
GTA 2 seguiu muitos passos da primeira edição, aumentando a escala do desafio e adicionando novos elementos. Lançado em 1999, o jogo é indiscutivelmente mais bonito que o primeiro. A visão aérea foi mantida. Os gráficos estavam visivelmente mais “suaves”, deixando a jogabilidade mais natural e rápida.
Apesar de parecer hoje muito rudimentar, na época, nenhum jogo oferecia uma experiência parecida. GTA 2 foi o primeiro jogo da série a introduzir gangues e as clássicas rádios. O fato da música mudar dependendo do carro em que o personagem estava era algo muito divertido e inovador para a época, tornando a experiência muito mais rica. Os objetivos, entretanto, permaneciam os mesmos, cumprir missões até desbloquear novas áreas.
Ainda antes do final do milênio, a DMA Design, que depois viria a ser a Rockstar North, produziu um pequeno curta para promover o jogo, chamado “Grand Theft Auto 2: The Movie”. Essa experiência, aliada a uma expansão do primeiro jogo, traçavam as primeiras histórias que a DMA Design começava a contar no universo de GTA.
Da mesma forma que o jogo anterior, GTA 2 foi alvo de reviews medianos que consideravam o jogo muito “comum”. Mas ninguém podia imaginar que todos os elementos de uma verdadeira revolução dos games estavam ali.
- Violência, roubo e muito sucesso em três dimensões
A verdadeira revolução da série veio no terceiro game, o primeiro para consoles da sexta geração (PlayStation 2, Xb
Ninguém estava preparado para escala de imersão e interatividade que o título proporcionava. Além das missões primárias, havia muitas secundárias que foram criadas apenas com o objetivo do jogador acumular pontos.
A violência descabida, diálogos sujos (mas naturais) e humor negro eram demais para qualquer um ignorar. Nada se comparava a liberdade para escolher as missões em uma Liberty City 3D, e as possibilidades de interação tão inovadoras. GTA 3 foi o primeiro jogo em que era possível entrar no carro e participar de tiroteio. Tudo isso sem qualquer tipo de loading ou mudança de mapa. O título foi tão surpreendente que muitos estúdios precisaram rever seus conceitos de jogo tridimensionais.
- Lançamentos consecutivos na era “Playstation 2″
A partir de GTA 3, a Rockstar foi incrementando o seu “bebê” a cada ano. E a velocidade dos lançamentos era surpreendente. Cada título guardava muitas semelhanças com os anteriores em jogabilidade, mas as cidades e, principalmente, a narrativa, eram completamente diferente.
Em GTA Vice City, entramos uma Miami dos anos 80. Já em GTA San Andreas, o jogador era convidado a conhecer não uma, mas três cidades: Los Santos (Los Angeles), San Fierro (San Francisco) e Las Venturas (Las Vegas).
Lançado em 2004, GTA San Andreas é jogado até hoje e possui uma comunidade ativa de modders. O game expandiu a escala da franquia a níveis pouco vistos para época. Ao adicionar elementos de RPG, em San Andreas, é possível fazer o personagem malhar para ficar mais forte, correr melhor, dentre outras coisas. O título também foi o primeiro da série a conter minigames para o personagem “viver” dentro do jogo, ao invés de apenas tentar ganhar dinheiro em corridas ou roubando outros personagens. Era possível jogar basquete, bilhar e até jogar videogame.
- A evolução da polêmica
Conforme o game ia fazendo sucesso, a série GTA também era sempre colocada no centro de polêmicas devido ao seus contextos violentos. A partir do realismo trazido por GTA 3, o jogo apareceu em diversos telejornais norte-americanos, que insinuavam que o jogo “treinava os jovens para uma matança”.
Em junho de 2005, um mod aplicado a versão para PC de GTA San Andreas adicionou cenas de sexo. Chamado de “Hot Coffee mod”, a modificação alterava a cena do café onde CJ (protagonista) convidava sua namorada para um “café”. Na versão não modificada, a câmera muda de ângulo, deixando o jogador a “imaginar a cena”. Mas, em “Hot Coffee mod”, era possível ver e, além disso, atuar na cena, jogando um “minigame” de sexo.
Apenas um mês depois, o órgão de classificação indicativa “ESRB” mudou o selo de GTA San Andreas de “M” (17 anos ou mais) para “AO” (Apenas para adultos 18 anos ou mais). Parece algo pequeno, mas, nos Estados Unidos, isso gerou uma grande polêmica e deu visibilidade ao jogo que foi criticado por outros temas como racismo.
GTA 5, por sua vez, foi acusado de usar imagens da atriz estadunidense Lindsay Lohan, mas a Take Two ganhou o processo na justiça. O que Lindsay não sabia é que outra atriz, que cedeu os direitos de imagem, foi usada como modelo para a personagem.
Outra polêmica envolvendo GTA 5 começou de forma pacata em um review do site Gamespot, em que a jornalista reclamava que o jogo era “misógino”, dizendo que ele incitava a violência contra mulheres. A discussão ganhou força, e a rede de lojas australiana “Target” retirou o jogo das prateleiras na Austrália.
- A evolução dos mapas GTA
Costuma-se dizer que em GTA há sempre mais uma protagonista, que é justamente as cidades onde as tramas se passam. As cidades cresceram bastante desde o primeiro jogo. Para o leitor ter uma ideia, a cidade do primeiro GTA, em termos técnicos, não pode ser comparada sequer a uma textura de GTA 5. Confira uma tabela com a evolução dos mapas das versões tridimensionais.
Nome do jogo | Extensão |
GTA III | 7.7 Km² |
GTA San Andreas | 36 Km² |
GTA IV | 17.6 Km² |
GTA V | 126.1 Km² |
Nota: O mapa da GTA 4 é menor do que o de San Andreas por contar apenas com uma cidade, Liberty City, mas dividida em três ilhas.
A quantidade de atividades para fazer dentro do jogo também cresceu bastante ao longo dos anos, aumentando o fator “replay”. Em GTA 5, a Rockstar trouxe um novo direcionamento em termos de liberdade com uma quantidade “minigames” absurda. É possível fazer quase tudo: jogar tênis, praticar esportes radicais, velejar, passear, fazer compras, selfies e muito mais. Além disso, o jogador ainda pode fazer aulas de ioga. A interação com personagens não jogáveis também ficou mais realista, permitindo ao jogador interagir com animais e até ter o próprio cachorro.
- GTA em “verdinhas”
Como medir o sucesso da série GTA? A franquia que começou de forma modesta pelas mãos da DMA Design em 1997, hoje é um colosso na indústria do entretenimento. GTA 4 custou cerca de US$ 100 milhões e rendeu mais de US$ 1 bilhão de dólares em vendas.
Mas pouca coisa no ramo de entretenimento se compara ao lançamento de GTA 5. O orçamento do game foi superior ao de muitos filmes, alcançando a incrível marca US$ 265 milhões de dólares. Com um retorno financeiro igualmente estrondoso, a Take Two já embolsou cerca de US$ 2 bilhões em vendas. O sucesso foi tão grande que sozinho o game correspondeu a 10% de todas as vendas de jogos eletrônicos nos Estados Unidos.
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